Zelar pela segurança de condomínios e residenciais vai além de manter uma equipe treinada e utilizar equipamentos e procedimentos adequados. A ASTER acredita que o entendimento do entorno e dos problemas sócio-econômicos existentes é um passo importante para encaminhar as questões de segurança de um determinado local. Desta forma, a ASTER se uniu ao Instituto Agires e realizou um levantamento dos pontos de fragilidade da região da Vila Leopoldina e entorno.
Durante sete meses, uma equipe do Agires, contratada pela ASTER realizou diversas pesquisas e levantamentos em trabalho de campo. Observando e conversando com diversos moradores da região, de pessoas em situação de rua até moradores e empresários dos arredores do CEAGESP e Vila Leopoldina buscaram entender a realidade do dia a dia, suas dificuldades e o que os motivavam a estar ali.
Após realização do estudo foram mapeados os principais problemas que contribuem para situações de risco de segurança na região.
1. Presença do CEAGESP
Retroalimenta toda a gama de vulnerabilidades sociais: fluxo de pessoas em situação de rua, prostituição adulto e infanto juvenil, drogadição e alcoolismo. Incita discussões e intervenções que ocorrem isoladamente pelos grupos representativos identificados.
2. Falta de investimento e conservação
Limpeza pública, manutenção de ruas, calçadas como problemas de acessibilidade, mobilidade e pavimentação, ausência de lixeiras, além do excesso e acúmulo de lixo concentrado em grande parte das calçadas e passeio dos pedestres.
3. População em situação de rua
Uso da rua como moradia ou como fonte de renda.
4. Moradias precárias e irregulares
Presença de ocupações irregulares não são novidade, a chamada Favela 09 ou Favela Japiaçu tem mais de 250 moradias e existe desde 1972. A Favela da Linha ou Favela Votorantim, também com mais de 250 moradias existe desde 1973. A mais recente, Cingapura Maderit, é de 2000 e tem mais de 400 moradias.
5. Discussão da ocupação
Divergências quanto a ocupação do uso do solo e da posse da terra privada, mediante a demarcação das ZEIS – zonas especiais de interesse social, demarcadas no PDE e previsto nas Leis 16.050/14 e 16.402/16. Área identificada como ZEIS 3 no antigo terreno da CPTM.
Conclusões do estudo
Existe um claro conflito social na região onde as diferenças sociais estão acentuadas e há diferentes interesses por cada uma das partes. Apesar de não ser recente esta situação deve persistir devido ao amplo crescimento imobiliário da região e a solidificação das leis de zoneamento que estabelecem o uso social da região.
Frente a este cenário, torna-se muito importante a criação de um plano de segurança pessoal e patrimonial diferenciado, que não só monitore a região mas também reestabeleça qualidade no convívio, minimizando as ocorrências.
Fortalecer as organizações existentes na região para que possam estabelecer uma relação civilizada entras as partes que co-habitam a região, quebrando assim a indiferença hoje reinante. Atenuando os conflitos, acomodando as diferentes demandas e trazendo confiança entre as partes.

Debatendo os resultados
O estudo foi apresentado em encontro promovido pela Aster em parceria com a Amocity, Conseg e Viva Leopoldina no dia 23 de novembro de 2017, onde participaram membros da impresa local, síndicos e moradores de prédios da região e especialistas do setor. Para enriquecer e promover uma discussão sobre o tema, houve um debate entre especialistas com a presença de Heloisa Melillo – presidente do Instituto Agires – e Diógenes Lucca – especialista em segurança, fundador do GATE e comentarista de segurança na Rede Globo.
Heloisa destacou que “o bairro vem passando por uma reestruturação enorme, abandonando em partes as raízes de sua origem e dando espaço para o surgimento de situações que são evidentes para todos os níveis sociais, porém vistos de maneiras completamente diferentes por cada um deles”. Um ponto que é foco de muita discussão e traz visões completamente diferentes, por exemplo, é a saída do CEAGESP. Tida praticamente como certa, apesar de não haver uma previsão para isso. “Tirar o Ceasa não necessariamente é a solução, mas sua presença corrobora para o acontecimento de alguns fatos (…), que contribuem para a vulnerabilidade da região”, afirma Heloisa.
Diógenes Lucca elogiou o levantamento e a iniciativa promovida. “Pela primeira vez vejo um projeto que foge do básico e traz o tema para discussões sociais”. Reforça sua visão de que segurança pública é sim um dever do Estado, mas responsabilidade de todos. “As pessoas precisam de consciência do seu papel para que isso [melhora na segurança pública] aconteça”. Todos precisam estar envolvidos, somente patrulhamento ou ações policiais não garantem a segurança se não houver diálogo e compreensão entre os cidadãos.
Buscando tornar estas responsabilidades mais claras, Diógenes elencou questões simples que a comunidade pode zelar e que irão contribuir para a criação de um ambiente mais limpo e, consequentemente, seguro. Como a limpeza das vias públicas, implementação de coleta seletiva de lixo, numeração evidente das cases, poda de árvores e combate ao comércio irregular.
“O combate aos pequenos delitos impede que os grandes aconteça”, falou Lucca ao citar experimentos realizados em Nova York durante a implantação do programa Tolerância Zero. Evitar que pixações, pequenos furtos e vandalismos ocorram ajudaram a contribuir para reduzir a incidência crimes mais sérios.
Zelando Juntos
Por fim, Fábio Fragoso – sócio e diretor da Aster – apresentou uma primeira iniciativa da empresa para contribuir com o desenvolvimento da região. O Projeto Praça do Bom Senso, com revitalização e manutenção de uma praça no bairro
A praça irá receber além de um novo projeto paisagístico que será mantido pela empresa, uma câmera de segurança para monitoramento e prevenção de pequenos delitos e também prevê a realização de um calendário de eventos sociais. Promovendo o encontro entre munícipes e maior sociabilidade no bairro.
Fábio também propõe que haja maior integração entre as organizações existentes na região, com a criação de um conselho de segurança pública local a ser formulado. Facilitando a defesa de interesses comuns frente às esferas públicas e troca de informações entre os munícipes.
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